Há dois anos, o Twitter era considerado “morto” por diversos usuários. Com a queda de tweets, juntamente com uma onda de trolls (usuários anônimos que provocam intrigas, gerando comoção negativa e raiva) na rede, os anunciantes começaram a se afastar. A empresa até mesmo cogitou uma venda, que não foi bem-sucedida. Enquanto tweets usando a #RIPTwitter, entre outras brincadeiras com a queda da popularidade dessa rede social, estavam acontecendo, uma onda inversa começou a ocorrer internamente.
Os resultados financeiros do Twitter passaram a superar as expectativas do mercado. De empresa rejeitada a desejada, alguns funcionários começaram a voltar, criando uma cultura interna positiva, bem diferente do ambiente tóxico que havia anteriormente.
O Twitter está conseguindo dar a volta por cima de forma milagrosa. É a primeira rede social que perdeu usuários e voltou a crescer de maneira significativa.
O improvável ressurgimento do Twitter pode ser devido a alguns fatores:
- A aceitação de que a empresa jamais será como o Facebook, o que levou à decisão do investimento em notícias, enquanto o Facebook bate em retirada;
- A decisão de oferecer vídeos ao vivo premium no serviço;
- A ordem do CEO, Jack Dorsey, para que a equipe de produto repensasse tudo;
- E um componente-chave de várias grandes viradas: a sorte.
O que as notícias fizeram para o Twitter?
Por muito tempo, foi difícil definir o que é o Twitter. A abundância de diferentes comunidades no serviço complicava ainda mais essa definição. Mas em abril de 2016, foi tomada a decisão. A empresa mudou da seção de “Redes Sociais” para a de “Notícias” na App Store, da Apple.
O momento em que o Twitter decidiu se definir como um aplicativo de notícias virou o jogo. O serviço começou a exibir vídeos ao vivo, promover informação e mandar mais tráfego para sites de veículos de comunicação e imprensa. Enquanto isso, projetos paralelos como o Vine (serviço de compartilhamentos de vídeos de 6 segundos) foram cortados.
A decisão de migrar para as notícias coincidiu com um dos períodos mais cheios das manchetes na última década: a eleição de Donald Trump, em 2016, o Brexit e as convulsões políticas mundo afora. O fato de o atual presidente dos Estados Unidos ser um usuário ativo no Twitter também não atrapalhou.
Em tempo real
O investimento agressivo em vídeo ao vivo também atraiu mais usuários. Começando com uma ousada compra de um pacote de jogos da NFL, a liga profissional de futebol americano. Mesmo depois de outros oferecerem esse serviço, o Twitter se destaca por exibir vídeos ao vivo o dia todo, muitas vezes, mais de um ao mesmo tempo.
A empresa começou a investir nesse tipo de conteúdo porque ele gera conversa entre usuários interessados no assunto do vídeo. Assim, faz sentido até engajar-se em esportes de nicho, como o lacrosse.
Acordos fechados com grandes empresas de mídia, como ESPN, LiveNation e BuzzFeed News, fizeram o Twitter aumentar drasticamente o conteúdo de primeira linha, junto ao qual pode vender publicidade.
Repense tudo!
Em 2015, os funcionários do Twitter foram pedidos para que repensassem todas as suas estratégias. A equipe, então, apresentou um algoritmo que acabava com a ordem cronológica reversa, se aproximando mais da estratégia do Facebook, e dobrando o limite de caracteres, de 140 para 280. Essas mudanças provocaram reações negativas dos internautas, inspirando a hashtag #RIPTwitter. Apesar da revolta, as mudanças ajudaram os novos usuários a utilizar a ferramenta com mais facilidade.
Em 2016, a empresa precisou encarar de frente um problema que vinha sendo ignorado. O abuso e o assédio desenfreados que levaram usuários famosos e muito importantes a se desligarem do serviço. O Twitter também passou a policiar abusadores em série e grupos de ódio, estendendo suas regras. Parece que finalmente a empresa está mais bem posicionada e sem medo de mudar.
Sorte não faz mal a ninguém
Outro fator que não podemos ignorar para o retorno do Twitter é a sorte. Coincidentemente ou não, o momento da decisão de focar em notícias veio enquanto o Facebook recuava, depois de uma série de escândalos. Além disso, o esfriamento do Snapchat para os anunciantes abriu um espaço para que o Twitter se apresentasse de novo.
Por outro lado, a sua cultura interna mudou depois da queda do aplicativo. Sobraram somente aqueles funcionários que acreditavam na plataforma. Alguns deles retornaram depois de um tempo, e todos parecem estar muito empolgados com o recomeço.
Para o analista Michel Nathanson, a empresa tem uma das coisas mais importantes no mercado hoje: embalo. Sendo assim, é possível que o Twitter continue ainda por muito mais tempo nas discussões sobre mídias digitais.
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